sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O primeiro motor de Aristóteles não sabe da existência do mundo

(Juvenal Savian Filho, Deus, Ensaiando Leituras, p. 81)

"Aristóteles extrai algumas consequências de sua visão do primeiro motor: pensar o imperfeito é, de algum modo, contê-lo em si (sob forma de pensamento). Por isso, o primeiro motor não pode pensar o mundo; não pode sequer saber de sua existência, pois, se souber, conterá o imperfeito em si. Para Aristóteles, conter o imperfeito seria contraditório com a perfeição divina indicada no texto anterior. Por tudo isso, o primeiro motor ocupa-se de si mesmo, vive em um eterno gozo consigo mesmo, sendo pensamento de pensamento. Mas poderíamos objetar: como ele causa o movimento do universo? Aristóteles responde: o primeiro movente move como o amado move o amante, ou seja, por atração (cf. Metafísica L, 7, 1072b4). Com efeito, a pessoa amada não precisa saber da existência de alguém que a ama para atraí-lo. Essa metáfora ilustraria o modo como o primeiro motor, sem imaginar a existência do universo, causa o movimento que o caracteriza."

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