Ser livre é prender-se ao que se quer...
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
Sem saída
(Obra de Lucien Freud)
Anda, mas não chega
Põe a mesa sem ter fome
Deita e não dorme
Fica de bobeira
Trabalha, mas não ganha
Apanha mais que bate
Mente, mas dá certo
Fica na berlinda
Briga e desanima
Escreve a carta, mas não manda
Fala; mais, não sofre
Fica sem assunto
Transa, mas não goza
Goza, mas atura
Ama, mas perdoa
Fica em suspenso
Vive, mas não vinga
Respira, mas não sopra
Sente, mas desiste
Fica em silêncio
Reza, mas duvida
Crê fazendo figa
Pensa e acredita
Fica sem juízo
Fica sem chão, nem teto
Fica, apesar de tudo
Fica à beira de si mesmo
Fica à beira de si mesmo
Fica sem saída
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Laura Pausini e Tiziano Ferro
Un po' mi manca l'aria che tirava
o semplicemente la tua bianca schiena
E quell'orologio non girava
stava fermo sempre da mattina a sera
come me, lui ti fissava...
...anche se non valgo niente perlomeno a te
ti permetto di sognare
e se hai voglia, di lasciarti camminare
Scusa, sai, non ti vorrei mai disturbare
ma vuoi dirmi come questo può finire?
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Confabulando
A palavra então, nem se fala.
folha em branco é meu avesso.
olhar de Esparta sobre o filho imperfeito
mas não tenho o direito do juízo
belo é o defeito pelo olhar que desconheço
belo é o defeito pelo olhar que desconheço
Que dirá do que escrevo.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Boca Livre - Feito Mistério
senti que o resumo
é de cada um
Que todo rumo
deságua
em lugar comum
Então eu monto num cavalo
que me leva a Teerã
E não me perco jamais
Quando desespero
vejo muito mais
Essa canção
me rói feito um mistério
Essa tristeza dói
Meu fingimento é sério
como aéreo
é sempre todo amor
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Fundo
Foi duro o golpe.
Lá dentro.
Bem no centro.
Da pontada, mina um fio calado.
Veio fino, caminho tortuoso.
Veneno corroendo os tecidos,
se infiltrando cada vez mais fundo.
A dor segue irrigando a minha escuridão.
Cega, me suga pra esse reverso do infinito.
Vou me esvaindo no meu desconhecido.
Esse eu sem fundo.
Me perco.
Me esqueço.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
Súplica
Faltava só o último capítulo.
Tédio.
Virar a página exigia um esforço brutal, tamanho era seu peso.
Percebia que tinha chegado ao ponto de não ter mais forças para fechar o livro.
Deixaria assim descomposto o manuscrito?
Aberto assim, a fenda abissal entre a sua vida e aquela verdade era exposta como ferida.
Mal suportava a pena.
A capa dura e implacável pendendo para um só lado, sustentando todos os capítulos do passado, lhe esmagava o último apelo suplicante pela eutanásia daquela história.
sábado, 21 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Fragmentos 200112
Não basta o milagre do dia amanhecer de novo; tens que escancarar a janela do mundo com teu brilho.
É preciso estar atento; nenhuma brisa é tão ingênua que não possa virar ventania.
Desconfiar da própria sombra é inevitável: ao tentares te olhar pelo avesso, sempre te viras as próprias costas.
Desafiante é confiar naquele olhar que te encara, te atravessa e te entrega...
A maior felicidade dos animais é não fazer a menor ideia.
O terceiro é excluído sempre que se mete onde faria a maior diferença.
Não me leve ao pé da letra; me leve pra dentro dela.
O olhar ficou suspenso enquanto o instante se esvaziava.
Era o momento do impasse:
hesitava entre a febre e o desmaio
Fragmentos 190112
Sobrenatural é quando a natureza se mostra pelo avesso.
Metafísica é a natureza do sobrenatural.
Não gosto de brincar com as palavras; elas são duras demais comigo.
Põem-se sempre uma verso a outra e eu viro metáfora no meio.
Nada contra ser objeto indireto ou, de repente, ter um caso oblíquo; mas não quero nada que venha a mim por descuido. Prefiro jogo direto e aberto.
Portanto, quando me dirigir a palavra, não tome nenhuma pré-posição, capisci?
(Senhor, piedade! Até quando escreverei essas patacoadas?)
Fui correndo ver as cartas que chegaram, mas não tinha nenhuma para mim; então, fechei os olhos e li de novo os versos que escreveste em braile no meu coração...
Fui deixando pedacinhos de pão por todo o caminho pra você não me perder e te perdi. Esqueci que teu GPS está de dieta.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Desilusão
A solidão pende entre a lágrima e o espelho
a neblina do engano se dissolve em gotículas de lucidez
a neblina do engano se dissolve em gotículas de lucidez
a lua no olhar vai minguando num apelo exausto
o abandono se perde ecoando pelo corredor sem fim
o curso da mágoa dói na passagem estreita
entre o coração e o sonho desfeito
no chão, resta a flor que o amor esqueceu
o abandono se perde ecoando pelo corredor sem fim
o curso da mágoa dói na passagem estreita
entre o coração e o sonho desfeito
no chão, resta a flor que o amor esqueceu
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
Fragmentos 15
Estou enjoada de mim; talvez seja a hora de uma mudança de
gostos, um revirar de desejos; um trocar de pernas pra trilhar outros
anseios...
Encontro o meu reflexo quando perco a noção do tempo.
A única coisa definitiva é a incerteza desse rasgo que me germina.
Ele tinha razão: é sempre menos decepcionante esperar o pior.
Não existe ficção; tudo é memória, tudo é biografia, tudo é real. Tudo que somos é invenção do mundo e o mundo é o que inventamos. Ficção é a arte de expressar.
É. Fico aqui saboreando à espreita; quietinha e oblíqua diante da cumplicidade do teu texto.
Mas também, tem dia que canso de babar ovo e quero só cuspir.
Encontro o meu reflexo quando perco a noção do tempo.
A única coisa definitiva é a incerteza desse rasgo que me germina.
Ele tinha razão: é sempre menos decepcionante esperar o pior.
Não existe ficção; tudo é memória, tudo é biografia, tudo é real. Tudo que somos é invenção do mundo e o mundo é o que inventamos. Ficção é a arte de expressar.
É. Fico aqui saboreando à espreita; quietinha e oblíqua diante da cumplicidade do teu texto.
Mas também, tem dia que canso de babar ovo e quero só cuspir.
Acho engraçado quando as pessoas culpam a sociedade
como se não fizessem parte dela.
Fragmentos 14
Se fosse menos só, não seria um adeus.
Tristeza é me despedir de tudo o que eu queria viver.
Abandono é quando o olhar já não vê.
Como pode tanta dor concentrada numa gota de silêncio?
Se eu escoasse tudo o que sou, ainda assim restaria um olhar:
o que me deste.
O piano toca a minha fuga em dó.
Quando quero te alcançar, me agarro naquele fiapo de luz que mandaste.
Pela bela coluna esculpida de sonhos, escorro até embaixo;
no chão, resto tua, ausência.
A gente descobre que é infinito quando sente aquela dor;
aquela feito esgrima entrando no peito sem fim. É um uivo que não termina.
Uma isca que fisga a alma de dentro pra fora; ela fica tão vulnerável exposta,
virada do avesso, que implora por um átimo de sumiço.
Por que a tristeza de um amor é uma dor tão bela?
Disseram "não se perde o que nunca se teve". E eu cheguei a
acreditar nisso...
Todos interligados na nuvem, todos tão conectados; todos tão imersos em si mesmos... trocando solidão.
Se um dia eu perder o bom senso, talvez eu descubra o que é viver de verdade. Se um dia eu perder o juízo, talvez seja mais leve
sobreviver na insensatez. Se um dia eu perder a paixão, tentem me manter
por aparelhos. Mas se um dia eu perder a fantasia...
sábado, 14 de janeiro de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Insípido
Dormi e o cansaço não passou
acordei e a vida não chegou
insisti e o mundo decaiu
calei e a dor não acabou
acordei e a vida não chegou
insisti e o mundo decaiu
calei e a dor não acabou
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
BBB
Quer viver a verdadeira emoção de um reality show? Pega o metrô em São Paulo, numa sexta-feira, às seis da tarde.
Quer observar o comportamento de pessoas enclausuradas? Já experimentou visitar uma penitenciária?
Quer aprender a lidar com situações difíceis de convívio? Desliga a droga da TV e tenta travar um diálogo, mesmo que banal, com essa criatura que está aí ao seu lado, no sofá.
Quer entender quais são os mecanismos de defesa do ser humano quando se encontra sob pressão, tentando vencer um desafio? Vá a uma entrevista de emprego, depois de estar um ano desempregado.
Quer sentir tristeza e desalento? Acredite: mais eficiente que ir para o paredão, em horário nobre, pode ser visitar um hospital de crianças com câncer em estado terminal, em qualquer horário.
Quer saber qual o limite, o que leva uma pessoa ao desespero? Ao invés de verificar isso observando as reações de alguém que foi injustiçado e expulso da "casa", experimente dar uma olhadinha em algumas fotos da Somália... apenas observe o olhar das crianças.
Quer saber a que ponto chega a estupidez humana? Basta demorar cinco segundos parado diante do farol que acaba de abrir... você pode ficar surpreso com as manifestações de tolerância e meiguice.
Quer saber o quanto alguém pode ser malicioso, maledicente, mentiroso, canalha, sem vergonha e corruptível? Tem visto o noticiário político?
Ah... OK. Tudo bem. O mundo não é feito só de desgraças e todos temos o direito de nos divertir; é verdade e eu concordo!
É que divertimento, pra mim, é outra coisa...
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Despejo
Pensei que ia explodir em constelação na Via Láctea, mas tinha cheiro de outono.
Pensei exultante que tinha encontrado o pote de ouro no final do arco-íris; mas quando olhei no verso era made in China.
Pensei que o teu discurso me traria a boa nova, mas não passava de Ctrl-V.
Pensei que o mundo me causaria o habitual espanto, mas ele me espantou sem nenhuma novidade.
Pensei que cansaria de respirar tanto mofo, mas senti cheiro de café e desisti.
Pensei que trairias a minha devoção, mas não fizeste nem isso.
Pensei que o tempo me desse uma trégua, mas a bandeira branca cegou meu destino.
Pensei que talvez fosse possível mais um instante e saí pela casa à procura de sussurros.
Pensei que a faísca surgisse desse espasmo, mas o nunca se abriu na minha frente.
Pensei que ia morrer de amor e morri.
Então pensei que sentia... e deixei de pensar.
Inflexão inversa
As pessoas podiam ser diferentes...
Aliás, elas são: são diferentes do que deveriam ser.
Mas ninguém quer dever nada e isso se deve a todos
quererem ser do jeito que são.
Dever não é querer e querer é bem melhor que dever.
Então as pessoas estão certas em não querer ser o que
elas deveriam ser, mas sim em querer ser o que elas podem ser:
diferentes do que são.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
A prova da universalidade
Estupefata com a prova da universalidade: diante de certos fatos, constatamos que merda é merda sob todos os pontos de vista.
Barulho
Inútil querer falar mais alto quando tem muito barulho; e se tem muito barulho, melhor ouvir o silêncio.
sábado, 7 de janeiro de 2012
Bomba-relógio
(Nei Duclós)
O tempo é a preguiça do homem
a visão de um bocejo
a faísca, uma foice
Cruzamos a treva de olhar sonâmbulo
tomando o pulso
do ciclone
Emergimos na margem oposta
com as mãos pingando sangue
O tempo é a palavra coração
(do livro No mar, veremos, 2001)
O tempo é a preguiça do homem
a visão de um bocejo
a faísca, uma foice
Cruzamos a treva de olhar sonâmbulo
tomando o pulso
do ciclone
Emergimos na margem oposta
com as mãos pingando sangue
O tempo é a palavra coração
(do livro No mar, veremos, 2001)
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Pascal e as razões do coração
(Blaise Pascal, Pensamentos, n. 277, 282 e 283 - tradução de Juvenal Savian Filho a partir da edição francesa de M. Brunschvigg, Paris: Georges Crès et Cie., pp. 120-123 / Juvenal Savian Filho, Deus, Ensaiando Leituras, p. 88)
"O coração tem razões que a razão desconhece [...]. Conhecemos a verdade não apenas pela razão, mas também pelo coração. É dessa última forma que conhecemos os primeiros princípios, e é em vão que o raciocínio, não tendo nada que ver com isso, tenta combatê-los. [...] Essa impotência não deve servir senão para humilhar a razão, que pretendia julgar tudo. [...] O coração tem sua ordem; o espírito tem a sua, que funciona por princípio e demonstração; o coração tem outra. Não provamos que devemos ser amados expondo as causas do amor: isso seria ridículo."
"O coração tem razões que a razão desconhece [...]. Conhecemos a verdade não apenas pela razão, mas também pelo coração. É dessa última forma que conhecemos os primeiros princípios, e é em vão que o raciocínio, não tendo nada que ver com isso, tenta combatê-los. [...] Essa impotência não deve servir senão para humilhar a razão, que pretendia julgar tudo. [...] O coração tem sua ordem; o espírito tem a sua, que funciona por princípio e demonstração; o coração tem outra. Não provamos que devemos ser amados expondo as causas do amor: isso seria ridículo."
O primeiro motor de Aristóteles não sabe da existência do mundo
(Juvenal Savian Filho, Deus, Ensaiando Leituras, p. 81)
"Aristóteles extrai algumas consequências de sua visão do primeiro motor: pensar o imperfeito é, de algum modo, contê-lo em si (sob forma de pensamento). Por isso, o primeiro motor não pode pensar o mundo; não pode sequer saber de sua existência, pois, se souber, conterá o imperfeito em si. Para Aristóteles, conter o imperfeito seria contraditório com a perfeição divina indicada no texto anterior. Por tudo isso, o primeiro motor ocupa-se de si mesmo, vive em um eterno gozo consigo mesmo, sendo pensamento de pensamento. Mas poderíamos objetar: como ele causa o movimento do universo? Aristóteles responde: o primeiro movente move como o amado move o amante, ou seja, por atração (cf. Metafísica L, 7, 1072b4). Com efeito, a pessoa amada não precisa saber da existência de alguém que a ama para atraí-lo. Essa metáfora ilustraria o modo como o primeiro motor, sem imaginar a existência do universo, causa o movimento que o caracteriza."
"Aristóteles extrai algumas consequências de sua visão do primeiro motor: pensar o imperfeito é, de algum modo, contê-lo em si (sob forma de pensamento). Por isso, o primeiro motor não pode pensar o mundo; não pode sequer saber de sua existência, pois, se souber, conterá o imperfeito em si. Para Aristóteles, conter o imperfeito seria contraditório com a perfeição divina indicada no texto anterior. Por tudo isso, o primeiro motor ocupa-se de si mesmo, vive em um eterno gozo consigo mesmo, sendo pensamento de pensamento. Mas poderíamos objetar: como ele causa o movimento do universo? Aristóteles responde: o primeiro movente move como o amado move o amante, ou seja, por atração (cf. Metafísica L, 7, 1072b4). Com efeito, a pessoa amada não precisa saber da existência de alguém que a ama para atraí-lo. Essa metáfora ilustraria o modo como o primeiro motor, sem imaginar a existência do universo, causa o movimento que o caracteriza."
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Simulacro
A palavra não comporta simulacro: ou ela diz ou ela não diz. Mesmo a falácia diz. O silêncio é o não da palavra "...assim como um rosto, mesmo em repouso, mesmo morto, está sempre condenado a exprimir algo..." (Merleau-Ponty)
Assim a poesia, assim a carne, assim o amor.
A palavra que não diz não é, é nada.
Assim a poesia, assim a carne, assim o amor.
A palavra que não diz não é, é nada.
Para os que ainda lavam as mãos...
Muito bem citado por meu querido Claudio Lequio:
“Fama di loro il mondo esser non lassa;
misericordia e giustizia li sdegna:
non ragioniam di lor, ma guarda e passa.”
(Divina Commedia di Dante – Inferno – Canto III – v.49-51)
“O mundo não lhes deixará fama;
misericórdia e justiça os desprezam;
não falemos deles; olha e passa.”
“Fama di loro il mondo esser non lassa;
misericordia e giustizia li sdegna:
non ragioniam di lor, ma guarda e passa.”
(Divina Commedia di Dante – Inferno – Canto III – v.49-51)
“O mundo não lhes deixará fama;
misericórdia e justiça os desprezam;
não falemos deles; olha e passa.”
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
La Storia
(Eugenio Montale)
La storia non si snoda
come una catena
di anelli ininterrotta.
In ogni caso
molti anelli non tengono.
La storia non contiene
il prima e il dopo,
nulla che in lei borbotti
a lento fuoco.
La storia non è prodotta
da chi la pensa e neppure
da chi l'ignora.
La storia non si fa strada, si ostina,
detesta il poco a poco, non procede
né recede, si sposta di binario
e la sua direzione
non è nell'orario.
La storia non giustifica
e non deplora,
la storia non è intrinseca
perché è fuori.
La storia non somministra carezze o colpi di
frusta.
La storia non è magistra
di niente che ci riguardi. Accorgersene non
serve
a farla più vera e più giusta.
La storia non è poi
la devastante ruspa che si dice.
Lascia sottopassaggi, cripte, buche
e nascondigli. C'è chi sopravvive.
La storia è anche benevola: distrugge
quanto più può: se esagerasse, certo
sarebbe meglio, ma la storia è a corto
di notizie, non compie tutte le sue vendette.
La storia gratta il fondo
come una rete a strascico
con qualche strappo e più di un pesce sfugge.
Qualche volta s'incontra l'ectoplasma
d'uno scampato e non sembra particolarmente
felice.
Ignora di essere fuori, nessuno glien'ha
parlato.
Gli altri, nel sacco, si credono
più liberi di lui.
A História
A história não se desenlaça
como uma corrente
de anéis ininterrupta.
De qualquer maneira
muitos anéis não resistem.
A história não contém
o antes e o depois,
nada que nela borbulhe
a fogo lento.
A história não é produzida
por quem a pensa e nem
por quem a ignora.
A história não traça seu caminho, se obstina,
detesta o pouco a pouco, não avança,
nem retrocede, muda de binário
e a sua direção
não está no horário.
A história não justifica
e não deplora,
a história não é intrínseca
porque está fora.
A história não ministra carícias ou chibatadas.
A história não é “magistra”
de nada que nos interesse.
Dar-se conta disso não adianta
para
fazê-la mais verdadeira e mais justa.
A história não é então
a devastadora escavadeira que se diz.
Deixa subpassagens, criptas, buracos
e esconderijos. Tem quem sobrevive.
A história é também benevolente: destrói
o mais que pode: se exagerasse, certo
seria melhor, mas a
história é limitada a notícias,
não cumpre todas as suas vinganças.
A história arranha o fundo
como uma rede de arrastão
com algum rasgo e mais de um peixe escapa.
De vez em quando se encontra o ectoplasma
de um que escapou e não parece particularmente feliz.
Ignora que está fora, ninguém lhe contou.
Os outros, no saco, acreditam-se
mais livres que ele.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Anima
a essência respira
no corpo que anima
a essência respira
no corpo
que anima a essência
respira o corpo
que anima...
Assinar:
Postagens (Atom)