sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Leite derramado

é chegado um estranho tempo 
no novo velho mundo 
reerguem-se muros inconcebíveis 

náufrago do preconceito 
da improvável travessia num mar 
(que só não mata a sede de poder)
na areia
o pequeno corpo jaz

no seio da terra mãe de todos 
o amor empedra 
no seio da humanidade 
o sonho se esvai 

na silenciosa fonte, porém 
um fio de água brilha desde sempre 
a esperança nasce de uma lágrima de Deus

sábado, 29 de outubro de 2016

Abraço

(Nei Duclós)

Quero te dar um abraço modesto
do tamanho do mundo
pequeno em relação ao universo
enorme para nossos passos

Quero te dar um abraço profundo
que surpreenda as almas
apesar da idade
e que a gente morra quando se aperte 

(In: Outubro

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Cansaço

Não sei quando chegou este tempo...
Há um cansaço
Inesgotável
Quinquilharias de toda espécie me solicitam
É com profundo esforço que, para atendê-las, me arrasto

Estranho a insistência do dia
Em eclodir-se intempestivamente
De novo e de novo e de novo
O verde que morre e brota
O pássaro que anuncia o sol
Tudo tão efêmero
Tão real

Impassível apenas esta exaustão
A cada dia, uma queda de braço
Tenho vencido
Tenho morrido

Maravilhoso e eterno mistério
A mesma vida que faz bailar as estrelas
Pulsa neste capim
E eu?
Rebelo-me contra moinhos de vento
Que me roubam a única verdade
Estes minutos – estes aqui – e nada mais 

domingo, 8 de maio de 2016

Invisível


Clio Francesca Tricarico

ela revirava o lixo
a vergonha era minha

ofereci-lhe um pastel
existe miséria maior que sentir compaixão?

foi rapidamente servida
o embaraço era do pasteleiro  

mas...

era ali
ali mesmo
que ela devorava com os olhos
e comia com timidez

não tinha bons “modos”
só tinha o seu

meu olhar evitava seu rosto  
o asco era meu
de mim

certos instantes não passam

ela foi embora
não agradeceu
não devia  
a conta era minha

de resto, nada
nenhuma poesia

apenas estas pequenas letras
minúsculas como eu
pelo que vi ali
ali mesmo
em seu último olhar

inevitável 

(in Nosside 2015 - Antologia del XXXI Premio Mondiale di Poesia)

sexta-feira, 18 de março de 2016

Ci sono alcune urgenze... di un bacio eterno, per esempio

Baciami
Ma baciami davvero
Il tuo alito caldo mi da i brividi
Ma voglio andare oltre
Voglio sentire il soffio della tua anima attraversando le mie vene

Baciami
Con tutto ciò che sei
In modo che, in quell'istante, raggiungiamo l'eternità

segunda-feira, 14 de março de 2016

Eu sei que vou te amar

(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)


Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Addio, Eco...

"L'assenza è all'amore come il vento al fuoco: spegne il piccolo, fa avvampare il grande." (Umberto Eco)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

domingo, 7 de fevereiro de 2016

come due stelle lontane, ci guardiamo fissi, muti...
e brilliamo ancora più forte

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Rispetto alla infinità di quel che provo per te,
l'universo è un granello di sabbia