Brasil.
Imenso, lindo, rico...
Pobre Brasil.
Meu amado Brasil.
Que desalento.
Era uma vez um país.
Foi-se.
Acabou.
Não há escolha plausível entre uma esquerda populista e
corrupta e uma direita voltada para os interesses das classes mais favorecidas
e... corrupta.
Não há possibilidade de uma vida digna em um Estado no
qual todas as instituições faliram.
Não há estrutura governamental séria.
Não há Executivo em prol da Nação: há execução de
contratos que, como bem dizia Chico, continuam a “subtrair a pátria-mãe tão distraída em tenebrosas
transações”.
Não há Legislativo voltado à aprovação de leis que beneficiem
o povo: há a incessante abertura de brechas legais para viabilizar a medonha exploração
das riquezas naturais e do povo escravo.
Não há Judiciário idôneo: a balança pende para o lado que
paga melhor.
Os Três Poderes (e tudo o mais) estão subjugados ao único poder vigente:
o econômico.
Não temos nada melhor do que o capitalismo.
Não temos nada melhor do que a democracia.
E, aqui, ambos falharam.
Não há sistema milagroso que funcione, enquanto o valor
primordial que impulsionar toda e qualquer ação for a ganância.
Não há jornalismo competente: a mídia, além de igualmente
corrupta, perdeu o profissionalismo.
Todas as informações são manipuladas: não há dados
confiáveis sobre os quais se apoiar.
E o povo? Não há capacidade de análise crítica.
E a turba segue delirante de norte a sul, defendendo seus
ídolos de barro (de esquerda, de direita, de centro, não importa), sedenta
por justiça e completamente cega, digladiando-se em meio à estúpida (e
conveniente) polarização, caminhando direto para o seu cadafalso.
Nada de novo. A novela se repete desde sempre.
O único sentimento coerente ao se constatar que a esperança
na “liderança a favor dos pobres” consistiu, na verdade, em uma das maiores
decepções dos últimos anos é a vergonha. É patético festejar a prisão de um
ex-presidente, quando o sentimento mais coerente seria o de vergonha.
É patético festejar a queda do ruim a favor da manutenção do
pior.
Quanto aos poucos lúcidos que restaram, não há mais grito para a indignação.
Perdeu-se a voz e a vez.
Mais funesto que o cenário atual talvez tenha sido apenas aquele dos tempos da ditadura.
Quanto aos poucos lúcidos que restaram, não há mais grito para a indignação.
Perdeu-se a voz e a vez.
Mais funesto que o cenário atual talvez tenha sido apenas aquele dos tempos da ditadura.
Em poucos meses, os trabalhadores perderam suas
garantias, direitos trabalhistas conseguidos a duras penas; estão para perder também a
possibilidade de uma aposentadoria mínima, sob o pretexto de um rombo previdenciário
extremamente questionável. Educação (educação pra quê?), saúde e segurança caminham
a passos largos para a sua completa ruína. Empresas nacionais absolutamente
rentáveis estão sendo entregues de mão beijada... para quem? Os números adulterados
da inflação e um dos maiores arrochos salariais da história brasileira passam
batidos: o circo está montado e a fantasia em que mergulhamos é a de que "basta" prender
os corruptos! O combate à corrupção é naturalmente louvável. Mas isso não justifica a posição de ater-se apenas à ponta do iceberg e contentar-se com o "Viva! Finalmente, estamos prendendo os corruptos!", às custas de, nos bastidores, as próximas gerações serem condenadas ao retrocesso por darmos ingenuamente o poder a quem sub-repticiamente voltará a explorar vertiginosamente os menos favorecidos - esse é o verdadeiro "golpe" -, a quem sem o menor escrúpulo está colocando o
Brasil, completamente sucateado, na "OLX": a maior pechincha no mercado
internacional. E quem paga por isso? Nós, os novos BBBs: os babacas balançando bandeiras,
sejam elas verde e amarelas ou vermelhas.
A moeda é o suor e a fome.
Ah, Robespierre! Por que a sua lembrança neste momento não me assombra?
Ah,