segunda-feira, 29 de outubro de 2012







Hoje, as palavras não se aguentam 
rodopiam inquietas em cirandas 
se misturam ao sabor do voo livre 
só pra criar um verso 
que exploda em arco-íris

sábado, 27 de outubro de 2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Esfinge




Procura-me amanhã
quando a noite tiver virado a página
e a lápide já estiver escrita

Nem cem mil anos de areia cobrirão
essa vertente que transborda, incessante,
a solidão do mar aberto no meu peito

Os ecos do teu nome se perderam no abandono
Meu destino é caçá-los para ouvir a tua ausência
e, do som desse vazio, moldar a tua esfinge


Ela será meu norte na minha cabeceira...

Frammenti atemporali

La sua mano teneva un mistero
svelato solo nel mio collo
I suoi effetti sono stati soltanto l'inizio
di un desiderio senza fine...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Não passou

(Carlos Drummond de Andrade)

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão - a tua mão, nossas mãos -
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Scrivo a te usando ogni parola del dizionario,
ad eccezione di una

Tutte le parole che scrivo significano esattamente quella che non dico

terça-feira, 9 de outubro de 2012

domingo, 7 de outubro de 2012

Saudade


Os balanços do dia e da vida
se encontram no final da tarde

Me esqueço.

Fico à mercê desse amor sem dono
andando descalço no tombadilho

Tento reter o último gosto
de deleite: a tua lembrança

Saudade.

A brisa da noite
traz teus ares do leste

Inspiro sorvendo mares
Suspiro exalando amores

Além do mar
está meu horizonte

Em ti,
o infinito

Epílogo


O vento desfolhou o livro de cabeceira 
e a história se perdeu no tempo. 
Em qualquer página extraviada, 
está o ponto de partida. 
Não importa a direção: 
o sentido nos pertence. 
O desfecho, não.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Outubro

Nei Duclós


Trago a nova: eu mudo
lento, e é tudo
Sinto ser assim
por estações: aos turnos

Posso voltar
ao ponto de partida
mas luto

Sei que vem outubro
Flores, fruto de seiva
romperão no mundo
(Trabalho duro:
sugar de pedras
rasgar os caules
colher ar puro)

Lento e bruto
eu mudo
Sei que vem
outubro