quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

La Storia


(Eugenio Montale)
 
La storia non si snoda
come una catena
di anelli ininterrotta.
In ogni caso
molti anelli non tengono.
La storia non contiene
il prima e il dopo,
nulla che in lei borbotti
a lento fuoco.
La storia non è prodotta
da chi la pensa e neppure
da chi l'ignora. 
La storia non si fa strada, si ostina,
detesta il poco a poco, non procede
né recede, si sposta di binario
e la sua direzione
non è nell'orario.
La storia non giustifica
e non deplora,
la storia non è intrinseca
perché è fuori.
La storia non somministra carezze o colpi di frusta.
La storia non è magistra
di niente che ci riguardi. Accorgersene non serve
a farla più vera e più giusta.
 
La storia non è poi
la devastante ruspa che si dice.
Lascia sottopassaggi, cripte, buche
e nascondigli. C'è chi sopravvive.
La storia è anche benevola: distrugge
quanto più può: se esagerasse, certo
sarebbe meglio, ma la storia è a corto
di notizie, non compie tutte le sue vendette.
 
La storia gratta il fondo
come una rete a strascico
con qualche strappo e più di un pesce sfugge.
Qualche volta s'incontra l'ectoplasma
d'uno scampato e non sembra particolarmente felice.
Ignora di essere fuori, nessuno glien'ha parlato.
Gli altri, nel sacco, si credono
più liberi di lui.



A História

A história não se desenlaça
como uma corrente
de anéis ininterrupta.
De qualquer maneira
muitos anéis não resistem.
A história não contém
o antes e o depois,
nada que nela borbulhe
a fogo lento.
A história não é produzida
por quem a pensa e nem
por quem a ignora. 
A história não traça seu caminho, se obstina,
detesta o pouco a pouco, não avança,
nem retrocede, muda de binário
e a sua direção
não está no horário.
A história não justifica
e não deplora,
a história não é intrínseca
porque está fora.
A história não ministra carícias ou chibatadas.
A história não é “magistra”
de nada que nos interesse. 
Dar-se conta disso não adianta 
para fazê-la mais verdadeira e mais justa.

A história não é então
a devastadora escavadeira que se diz.
Deixa subpassagens, criptas, buracos
e esconderijos. Tem quem sobrevive.
A história é também benevolente: destrói
o mais que pode: se exagerasse, certo 
seria melhor, mas a história é limitada a notícias, 
não cumpre todas as suas vinganças.

A história arranha o fundo
como uma rede de arrastão
com algum rasgo e mais de um peixe escapa.
De vez em quando se encontra o ectoplasma
de um que escapou e não parece particularmente feliz.
Ignora que está fora, ninguém lhe contou.
Os outros, no saco, acreditam-se 
mais livres que ele.

(Eugenio Montale - Prêmio Nobel de Literatura em 1975)

Nenhum comentário:

Postar um comentário