(Eugenio Montale)
La storia non si snoda
come una catena
di anelli ininterrotta.
In ogni caso
molti anelli non tengono.
La storia non contiene
il prima e il dopo,
nulla che in lei borbotti
a lento fuoco.
La storia non è prodotta
da chi la pensa e neppure
da chi l'ignora.
La storia non si fa strada, si ostina,
detesta il poco a poco, non procede
né recede, si sposta di binario
e la sua direzione
non è nell'orario.
La storia non giustifica
e non deplora,
la storia non è intrinseca
perché è fuori.
La storia non somministra carezze o colpi di
frusta.
La storia non è magistra
di niente che ci riguardi. Accorgersene non
serve
a farla più vera e più giusta.
La storia non è poi
la devastante ruspa che si dice.
Lascia sottopassaggi, cripte, buche
e nascondigli. C'è chi sopravvive.
La storia è anche benevola: distrugge
quanto più può: se esagerasse, certo
sarebbe meglio, ma la storia è a corto
di notizie, non compie tutte le sue vendette.
La storia gratta il fondo
come una rete a strascico
con qualche strappo e più di un pesce sfugge.
Qualche volta s'incontra l'ectoplasma
d'uno scampato e non sembra particolarmente
felice.
Ignora di essere fuori, nessuno glien'ha
parlato.
Gli altri, nel sacco, si credono
più liberi di lui.
A História
A história não se desenlaça
como uma corrente
de anéis ininterrupta.
De qualquer maneira
muitos anéis não resistem.
A história não contém
o antes e o depois,
nada que nela borbulhe
a fogo lento.
A história não é produzida
por quem a pensa e nem
por quem a ignora.
A história não traça seu caminho, se obstina,
detesta o pouco a pouco, não avança,
nem retrocede, muda de binário
e a sua direção
não está no horário.
A história não justifica
e não deplora,
a história não é intrínseca
porque está fora.
A história não ministra carícias ou chibatadas.
A história não é “magistra”
de nada que nos interesse.
Dar-se conta disso não adianta
para
fazê-la mais verdadeira e mais justa.
A história não é então
a devastadora escavadeira que se diz.
Deixa subpassagens, criptas, buracos
e esconderijos. Tem quem sobrevive.
A história é também benevolente: destrói
o mais que pode: se exagerasse, certo
seria melhor, mas a
história é limitada a notícias,
não cumpre todas as suas vinganças.
A história arranha o fundo
como uma rede de arrastão
com algum rasgo e mais de um peixe escapa.
De vez em quando se encontra o ectoplasma
de um que escapou e não parece particularmente feliz.
Ignora que está fora, ninguém lhe contou.
Os outros, no saco, acreditam-se
mais livres que ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário