No mar das possibilidades, oscilamos entre a bonança e a tempestade numa probabilidade nunca justa. Vida é desequilíbrio. Ilusão acreditar em qualquer tipo de permanência, que se possa escapar do estar para o ser. Ser é estar. Estar é sempre aberto; por isso somos eternos. Somos eternamente estados em mutação: o que garante o "ser eterno" são as infinitas mortes de identidades finitas.
domingo, 30 de setembro de 2012
Perdida a pensar sobre a possibilidade de toda a existência,
dou-me conta de que tudo o que eu quero agora é um café.
Bem brasileiro, puro, forte, encorpado.
Que, ousado, me invada as narinas e me desperte o cérebro.
Que, quente, me desça goela abaixo e me acalme as entranhas.
Quanto ao céu e ao inferno, quem morrer, verá.
(ou não...)
dou-me conta de que tudo o que eu quero agora é um café.
Bem brasileiro, puro, forte, encorpado.
Que, ousado, me invada as narinas e me desperte o cérebro.
Que, quente, me desça goela abaixo e me acalme as entranhas.
Quanto ao céu e ao inferno, quem morrer, verá.
(ou não...)
domingo, 9 de setembro de 2012
A manhã do amanhã
Era um domingo morno, quando eu e meu filho resolvemos surpreender a manhã.
À revelia da panela no fogo e do compromisso logo mais, não tivemos dúvida:
começamos a dançar um velho e bom jazz na cozinha.
Milagrosamente, nem o telefone, nem a campainha, nenhum celular tocou. Só o jazz tocava displicente, indiferente aos dançarinos improvisados.
Solenes, de pijamas, eu e meu rapaz, no auge dos seus vinte anos, adentramos a eternidade por quatro minutos dançando um jazz na cozinha...
Como se fosse óbvio inventar o inusitado.
Como se fosse fácil segurar o peito em fogos de artifício.
Altivos no átrio do castelo. Silenciosos na empatia do momento sublime.
Certos sabores nos fazem exalar asas de borboletas.
Dancei perpetuando cada passo do modo como queria lembrá-lo no futuro...
Dancei abraçada ao príncipe que parte para o mundo, intensificando a concretude do laço, sentindo, já com saudades, o último toque no bastão que passo adiante: momento em que fechamos os olhos, soltando sem querer largar, e então depositamos naquele instante tudo o que temos: nossa fé.
No meio da dança, olhei pra ele: tinha mais sol no seu olhar do que se pode encontrar no universo inteiro!
A vida estava ali, borbulhando diante de mim, naquele cavalheiro imponente, respeitoso e audaz: meu menino...
Senti o arfar do jovem destemido e vigoroso e lhe disse: “Respira...”
Respiramos juntos.
E então, ele me fez girar todas as piruetas: Fred Astaire e Ginger Rogers não fariam melhor! Girei, girei... todos os anos de escola, todos os tombos e risos, todos os sonhos libertos... Continuamos dançando até que o jazz foi ralentando seu destino e... acabou.
Entreolhamo-nos satisfeitos: ele saltitando ingenuidade, eu sorvendo cada gota daquele êxtase.
O silêncio se encheu de uma ternura azul até que começou a tocar faixa seguinte.
Ele foi jogar basquete.
Eu fui regar as plantas.
E o domingo seguiu em paz.
À revelia da panela no fogo e do compromisso logo mais, não tivemos dúvida:
começamos a dançar um velho e bom jazz na cozinha.
Milagrosamente, nem o telefone, nem a campainha, nenhum celular tocou. Só o jazz tocava displicente, indiferente aos dançarinos improvisados.
Solenes, de pijamas, eu e meu rapaz, no auge dos seus vinte anos, adentramos a eternidade por quatro minutos dançando um jazz na cozinha...
Como se fosse óbvio inventar o inusitado.
Como se fosse fácil segurar o peito em fogos de artifício.
Altivos no átrio do castelo. Silenciosos na empatia do momento sublime.
Certos sabores nos fazem exalar asas de borboletas.
Dancei perpetuando cada passo do modo como queria lembrá-lo no futuro...
Dancei abraçada ao príncipe que parte para o mundo, intensificando a concretude do laço, sentindo, já com saudades, o último toque no bastão que passo adiante: momento em que fechamos os olhos, soltando sem querer largar, e então depositamos naquele instante tudo o que temos: nossa fé.
No meio da dança, olhei pra ele: tinha mais sol no seu olhar do que se pode encontrar no universo inteiro!
A vida estava ali, borbulhando diante de mim, naquele cavalheiro imponente, respeitoso e audaz: meu menino...
Senti o arfar do jovem destemido e vigoroso e lhe disse: “Respira...”
Respiramos juntos.
E então, ele me fez girar todas as piruetas: Fred Astaire e Ginger Rogers não fariam melhor! Girei, girei... todos os anos de escola, todos os tombos e risos, todos os sonhos libertos... Continuamos dançando até que o jazz foi ralentando seu destino e... acabou.
Entreolhamo-nos satisfeitos: ele saltitando ingenuidade, eu sorvendo cada gota daquele êxtase.
O silêncio se encheu de uma ternura azul até que começou a tocar faixa seguinte.
Ele foi jogar basquete.
Eu fui regar as plantas.
E o domingo seguiu em paz.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
Tão assim
Nunca me soube tão funda
tão sem fim
Tanta dor não tem cabimento
mas cabe em mim
Não sei por que ainda invento
um amor assim
tão sem fim
Tanta dor não tem cabimento
mas cabe em mim
Não sei por que ainda invento
um amor assim
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