terça-feira, 12 de março de 2013

Outro dia

Olhou para o colar de pérolas
sabia que era tarde
as contas se perderam
entre risos e escombros
ressaca de anos vadios
passagem de ida sem volta

Procurava no espelho
o brilho, o fogo nos olhos
reflexo de áureos tempos
pueril e frágil esperança
estrela da desventura
quimera de um dia de glória

À frente, a velha janela
moldura do mesmo cenário
o mundo girando insano
tentando alcançar o horizonte
buscando um futuro insólito

correndo atrás do próprio rabo

Acendeu mais um cigarro
era o último da noite
mais um gole, mais um trago
rotina de vaga-lume
festa de barbitúricos
dormir seria muita sorte

O dia arregaçava o quarto
a vida lhe ria com escárnio
fechou os olhos e implorou
por um trapo de misericórdia
mas a pena se renovava
renascia pra viver a morte

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