domingo, 2 de junho de 2013

Incubus

Clio Francesca Tricarico

Me tolhe do meu sonho sem aviso 
diante do seu poder, me rendo 
silencioso em mim se infiltra inexorável
em torrente caudalosa 
de homem 
de verbo 
de gana 
de sede 
de mundo 
percorre minhas veias em lavas sórdidas 
me sorve, me devora, possuído 

Toma meu rumo, minha fala, minha agonia 
não sossega se não arranca o último grito 
não se sacia se não esgota todo o sumo 
de mulher 
de terra 
de canto 
de gozo 
de fundo 
exaurida, perco o passo
perco o verso 
ganho tudo 

Alucinada pelo torpor que me mistura 
entre tons audaciosos e sublimes 
em rodopios arrastada por seu ímpeto 
resta apenas o desejo da catarse: 
ser sua palavra
sua carne
seu expurgo 

Desesperada por não sair do seu domínio 
me deposita lentamente no meu tempo 
impregnada do seu ser fogo e vento 
tudo aquilo que incorpora e não diz

Sinto dentro 
o que rouba o fiato, a fala 
excesso que desatina
o que não está na palavra... ainda...

Medo.

(in Nosside 2012 - Antologia del XXVIII Premio Mondiale di Poesia)

Um comentário:

  1. Este poema foi premiado com uma menção particular pelo Premio Nosside Edizione XXVIII, sendo publicado em sua Antologia do ano de 2012.

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