domingo, 29 de julho de 2012

Trégua

Quando o olhar atinge o alvo,
melhor não ver?
Quando o menor ruído assusta o mundo,
melhor calar?
Quando o mais discreto gesto perturba o sono,
melhor parar?
Quando o longínquo aceno rouba a cena,
melhor sumir?

Melhor ouvir
o coração calado em prece
Melhor sentir
a lâmina que corta a noite
Melhor deixar
o tempo tomar seu rumo
Melhor saber
a hora de baixar as velas

E esperar.

Às vezes, ceder é tomar fôlego
às vezes, é preciso ficar à deriva
às vezes, lutar é desatino
Às vezes...
mas, só às vezes,
é melhor fazer de conta
que a gente deixa pra lá

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